A pequena andorinha, a esvoaçar no chão,
acariciei um pouco, aconcheguei na mão.
No ninho a coloquei, para que a alimentassem
os pais que ali andavam; gatos não a caçassem.
Franzina, insegura, chamava, mal comia.
A irmã, bem maior, com ela competia.
As leis da natureza custam-me a entender.
Lágrimas, rebeldia, uma vida a sofrer.
Mais um dia passou. A irmã já voava.
E ela sempre no chão... Num ramo a colocava.
Numa gaiola, à noite, junto aos pais a deixei.
Meti-lhe dentro um ninho, e por ela rezei.
Morreu uma andorinha, no céu já não chilreia.
O mundo desilude. A natureza é feia?
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4/07/2014
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958
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Anotação ao poema Morreu-me uma andorinha
Só uma anotação sobre o drama das andorinhas e a realidade dos dramas quotidianos que todos enfrentamos.
Para uns é mais fácil enquanto para outros... é devastador.
Sei que muitos não entendem esta dor e comentam que foi «apenas» uma andorinha. Para mim, foi uma pessoa de família.
Elas vivem aqui metade do ano e fazem muita companhia. Adoro o seu chilreio e as suas conversas umas com as outras.
Reconheço os seus pios. Se a gata anda por ali perto, elas piam forte a chamar por mim para retirar a gata. Assim que a levo, elas calam-se.
Este casal de andorinhas, neste ano tiveram uma primeira ninhada de 4 andorinhas mas perderam toda a 2ª ninhada de 3.
Continuam a vir dormir no mesmo local onde estava o ninho, mas vêm sós.
A primeira andorinha estava morta no ninho, ainda muito pequenina. Fui eu que a retirei de lá.
A segunda foi esta desgraça relatada no poema. Fiquei a pensar se ela teria morrido mais depressa por estar aprisionada. Andorinha não é passarinho de gaiola. Mas se a deixasse no ninho, ela vinha para o chão novamente, sem defesa e com o frio da noite, desprotegida.
Esperava soltá-la no outro dia de manhã cedo.
A 3ª andorinha da ninhada, já voava mais ou menos mas nessa altura é muito fácil serem caçadas pelos gatos porque se cansam e poisam em qualquer lugar, mesmo no chão e não possuem a ligeireza das adultas.
Só sei que ela não voltou com os pais para o ninho, anteontem à noite. Eles ficaram lá sozinhos e assim tem sido mesmo durante o dia. Vejo-os por aqui pousados, sempre sós.
É muito triste!
Quando as ninhadas já voam bem, voltam aos ninhos durante um tempo; depois abandonam e vão dormir para outro lado. Aqui, na minha casa, fazem os ninhos e como meto por baixo uma rede e um plástico grande para não sujarem o chão, elas têm sempre espaço de sobra e ficam por aqui até final de Setembro, quando emigram.
Gostaria de ter escrito também um poema sobre este assunto mas não fui capaz. Lamento!
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4/07/2014
Laura B. Martins
Libelinha, libelinha, com asinha transparente
em tons castanhos dourados, voas tão alegremente...
Com elegância tamanha, adejando na paisagem,
libelinha, mais pareces o fruto duma miragem.
Pousas tão suavemente, diáfana alegoria...
que o teu pousar nos remete ao reino da fantasia.
Etérea, a tua beleza voa, atrai os olhos meus.
És candelária, pureza, um mistério de Deus.
Libertas-nos, libelinha, da escuridão num segundo;
mesmo de asas transparentes, filtras o negro do mundo.
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12/01/2014
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958
(os maiores e melhores predadores aéreos)
Vi falcões peregrinos a voar.
Predadores aéreos, que lições.
À natureza os engenheiros vão buscar
tudo que têm usado em aviões.
Desde a visão arguta pesquisada,
às técnicas de ataque dos falcões,
o homem estudou. Mas... porque mata
apenas para testar as aptidões?
O homem, o pior dos predadores!...
Ai, como tudo seria diferente
se a Terra não tivesse tais senhores...
se transmutassem os animais em gente!
Falcões só matam pra sobreviver.
Se, de tais aves, nos dessem o juízo...
e aos homens retirassem o saber...
Talvez o mundo fosse um paraíso!
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2/04/2008
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958
Um ganso selvagem voa sobre o mar,
levado p'la aragem. Vem aqui pousar
no meu Portugal d' Inverno quentinho;
mas, vem o tal ganso, agasalhadinho.
Traz bom cachecol e até um barrete
tricotado à mão. Olha que topete!
Onde já se viu um ganso vaidoso?
Era o que faltava! É ganso garboso!
Quando vi tal coisa, fez-me confusão.
Pois... não é costume ter-se tal visão.
Ora vejam só, se começam todos
os gansos que há, a fazer de tolos(!!!)
Têm as ovelhas, d' hoje prà amanhã,
de mais qualidade produzir a lã.
Tal a quantidade de adornos gansais
a indústria explode. Não será demais?
Para o desemprego, se pensarmos bem,
é a solução que mais nos convém.
Trabalho pra todos... criatividade!
Alimentar, vamos, gansos com vaidade!
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17/02/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958
o Natal é festejado
com luzes e azevinho;
como em qualquer outro lado.
Já neve é facultativo,
porque o clima é quem a manda.
Fica o pássaro cativo
ou foge pra outra banda.
Com a fêmea desejada
quer um lar aconchegado,
sem a prole constipada.
Busca um clima ensolarado.
Mas deixa a casa enfeitada
porque o Natal é sagrado.
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23/09/2011
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958
Que importa o seu nome, se é grande ou pequena
Se a ave nos morre
temos tanta pena!
Desde o belo cisne ao mini-pardal,
vai-se um companheiro
faz-nos tanto mal!...
Pode estar lá fora ou dentro de casa.
Quando ela se vai
o choro transvaza.
Belas criaturas de longa plumagem
ou penas curtinhas, levadas pla aragem.
Um pássaro, apenas um monte de penas
que faz companhia, nos torna serenas
a suavidade do seu deslizar
seja dentro dágua ou a voltear
no azul do céu, sobre uma campina
Sinónimo dave será bailarina?
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1/02/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958
(Brincando com coisas sérias para desanuviar a alma!)
Um ganso selvagem voa sobre o mar,
levado p'la aragem. Vem aqui pousar
no meu Portugal d' Inverno quentinho;
mas, vem o tal ganso, agasalhadinho.
Traz bom cachecol e até um barrete
tricotado à mão. Olha que topete!
Onde já se viu um ganso vaidoso?
Era o que faltava! É ganso garboso!
Quando vi tal coisa, fez-me confusão.
Pois... não é costume ter-se tal visão.
Ora vejam só, se começam todos
os gansos que há, a fazer de tolos(!!!)
Com mais qualidade produzir a lã
têm, as ovelhas, d' hoje prà amanhã,
Tal a quantidade de adornos gansais
a indústria explode. Não será demais?
Para o desemprego, se pensarmos bem,
é a solução que mais nos convém.
Trabalho pra todos... criatividade!
Alimentar, vamos, gansos com vaidade!
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17/02/2006
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958
Lá vai D. Galo! As galinhas, como boas poedeiras,
vão atrás dele; porquanto, sem ele não há maneiras.
É que pôr ovos sem galo pra poder galar o ovo...
não é jogo que se jogue. Só se for um jogo novo!?
E o D. Galo, comandante das lindas frangas branquinhas
passa a ponte empertigado. Mostra como é, às galinhas.
Crista vermelha, imponente, certo ar patriarcal...
numa tábua se equilibra; e... atravessa o canal.
Do riacho não tem medo; a presunção não lhe falta.
Leva com ele o harém... com ares d'ave pernalta.
É um galo-galaró tão machão, prole diversa...
que na panela não cai. E o resto é conversa!
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6/03/2004
Laura B. Martins
Soc.Port.Autores nº.20958
Eu não tenho sabiá nesta linda terra minha;
o que tenho é um pintassilgo de manhã, melro à tardinha.
Amarelo-afogueado, a cantar, oiço um canário.
À tarde, encanta-me o melro negro aos saltos, p'lo contrário.
Respingam os verdilhões; fazem tamanho banzé
que eu fico meia tontinha. Daqui nem arredo o pé!
No chorão, a pardalada faz um barulho maluco.
E, talvez pra destoar posso, ao longe, ouvir um cuco.
A monocórdica poupa, incomoda toda a gente;
mas, o arrulhar dos pombos, já me deixa mais contente.
Lá pelas seis da manhã, inda tentando dormir,
oiço um piado mais longo. A quem o atribuir?
No emaranhado dos ramos, tem ave que ninguém viu;
mas, todo o mundo acordou, por causa daquele piiiiiuuuuu...!
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18/09/2005
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958
Contado, nem se acredita; pois fui só eu que assisti
a uma cena doméstica e do melhor que já vi.
Era um casal desavindo de belos pombos, cinzentos,
no telhado do vizinho. É história sem acrescentos!
Dizia o pombo prà pomba. - Trru-u-u, trru, trru, trru, trru.
Estou farto de procurar-te! Mas onde raio estavas tu?
Deixei o jornal em meio pra dar comer às crianças.
Porque não aparecias fiquei eu nestas andanças!
Tentei, à pressa, aviar-me no quintal aqui da frente;
mas como era muito tarde encontrei lá muita gente.
Já estavam lá as galinhas, os galos e um peru;
pintos, fracas, até patos!... - Mas onde raio estavas tu?
E a pomba, meio enfiada, tapando o bico coa asa,
disse em voz comprometida: - Vinha voando pra casa (...)
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18/04/2002
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958
De há muito desejava dedicar-me
às belas aves, de quem não vêm falar-me,
mas fazem parte da beleza do país.
No dia-a-dia, é apressado o caminhar;
mesmo sem tempo de parar e observar,
falar de vós, cegonhas, sempre quis.
Pilharam-lhes os ninhos muita vez,
e acreditava o povo que vocês
comiam animais de capoeira.
O desconhecimento popular
tentou, tua beleza exterminar.
Agora, pensa-se doutra maneira.
Um monte de pauzinhos, quem não viu
sobre uma chaminé, árvore, fio
de poste eléctrico, e medida avantajada?
Se repararmos, tem cabeças brancas,
longos bicos, pernaltas (como andas),
e uma cegonha-mãe, empertigada.
A imparável marcha do progresso
causou a estas aves retrocesso;
morreram muitas electrocutadas.
Mas há, hoje, nos postes, prateleiras
capazes de assegurar muitas maneiras
de cuidarem da prole descansadas.
Em Portugal, quase extinguiram estas aves,
por desconhecimento e entraves;
mas, felizmente, graças à informação,
telhados já ninguém recusará.
Em árvores e torres temos cá,
de novo, ninhos de cegonha em profusão.
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25/03/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958
Foi hediondo o crime cometido,
apenas por não ter veia d'artista;
quero dizer, daqueles que não vêem
como nós e, então, nos confundem a vista.
Onde é que já se viu, na natureza,
um galo com um coração estampado
no peito, e umas patas desenhadas
num pedestal de barro azul, pintado?
Pontinhos de cor branca, azul, laranja,
contrastam com vermelhos corações
na cauda. Bico e crista é que me lembram
galos normais, de tantas gerações.
Fixei aquela ave de arremedo,
e corpo pontilhado de amarelos.
Com a raiva no auge e um machado,
eu degolei o galo de Barcelos.
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25/07/2003
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958
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